Resenha: Tobias, Um Conto de Francine Porfirio

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Olá Flores,

Quantas vezes não nos incomodamos com as pessoas pelo simples fato delas existirem? Quantas vezes mal suportamos a presença de alguém e não notamos que todo este incomodo se faz pelo simples motivo de que estas pessoas conseguem ser amadas e felizes mesmo com seus problemas e falhas, bem ao contrário de nós? Até que ponto nós gostaríamos de viver a vida de outra pessoa e nos sentir como ela?

O Conto Tobias da autoria da Blogueira Francine Porfirio surge de maneira simples e cortante apresentando todas estas questões que permeiam o cotidiano de uma adolescente estudante do Ensino Médio.

Francine consegue dar voz a esta personagem feminina e um tanto fantasmagórica a perambular pelos corredores, pátios, salas e outras instalações da Escola onde estuda.  Uma moça que luta contra a baixa autoestima desde sempre e a aceitação de si mesma.  

Claro que esta personagem não tem nome, pois como eu disse antes ela não passa de um espectro. Ela poderia ser você, eu, nossa vizinha, nossa amiga, nossa irmã ou um conjunto de todas nós que muitas vezes desejamos passar despercebidas em algum ambiente a fim de evitar que nos notem que vejam nossas supostas falhas e ou defeitos.

Ser alvo de criticas pode doer muito, mas sem sombra de duvida a invisibilidade que pode ser benéfico em algum momento pode deixar marcas profundas na nossa pele, coração e alma.

Quando a nossa personagem nota que um rapaz chamado Tobias teria todos os motivos para se sentir como ela ou até pior, ela começa a observá-lo compulsivamente em um misto de amor e ódio.  Tobias encarna tudo oque a personagem evita ser para quem sabe conquistar alguma simpatia, porém sem sucesso. Já o rapaz não demonstra ter problemas com as relações sociais e afins.

Em poucas linhas a autora nos conduz em um mergulho profundo na psique das personagens construídos por ela e nos deixa uma reflexão bastante oportuna sobre julgamento, condenação e exclusão do outro assim como a fixação de estereótipos nos espaços, os padrões tanto sociais como de moda e beleza que inclui excluindo os sujeitos.

Fui, enquanto leitora agradavelmente surpreendida pela escrita da Francine que conduz a história de maneira bastante fluida e com metáforas muitos interessantes.

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Abraços poéticos.