Autor: Edson Athayde
Data de publicação: Janeiro de 2014
Número de páginas: 152
Coleção: Viagens na Ficção
Género: Romance
Editora: Chiado Editora
Sinopse:
Um quase - policial
de Edson Athayde. “Todas as novelas têm um novelo. Todos os crimes têm o seu
repertório de culpas. Autores de folhetins, em específico, e criminosos, em
geral, trapaceiam ao revelar sempre o que interessa um truque para esconder o
que importa. A dissimulação é o vento que sopra na vela desta galera, o
combustível dessa nave. Entre se quiser, acomode-se num canto. A viagem não vai
ser tranquila”. “Neste surpreendente romance quase tudo o que parece não é”. (Prefácio
de Luís Osório). Romance escrito no
âmbito de Guimarães 2012 Capital Europeia da Cultura. A história de “Jonas Vai
Morrer” passa-se em Guimarães (ou Vimaranes, como era conhecida há mais de mil
anos). Trata-se da mais histórica das cidades portuguesas, o chamado “berço do
país”. Património Cultural da Humanidade, Guimarães foi, em 2012, Capital
Europeia da Cultura. “Jonas Vai Morrer” foi escrito no âmbito de uma Residência
Artística Literária desse evento. Além da trama cheia de mistérios e algum
lirismo, esta obra revive nas suas páginas as ruas, praças, igrejas, bares, os
tempos e os modos vimaranenses. Ambientado nos anos 80, “Jonas Vai Morrer” é um
quase - policial, na definição do seu autor. Um livro que fala de crimes sem
sangue à vista. Propõe um jogo onde a charada é descobrir quem é o algoz, quem
é a vítima. Nesse labirinto, temos Pedro, um homem sem passado, o talvez louco
32, um caderno de memórias apócrifo e um enredo que nunca é o que parece ser.
Olá Flores,
Primeiramente quero deixar
registrado adorei o trabalho da editora na confecção do livro, achei a capa muito
interessante com título em alto relevo, páginas amarelas com duas páginas
negras de um papel lustroso como divisória de capítulo trazendo nelas uma citação
ou frase apontando aquilo que está por vir. Amei!
Dito isto vamos à obra em
si, pois muito bem! A história começa apresentando o personagem Pedro que vem a
ser um homem sem passado como diz a sinopse, mas não é simplesmente um tipo de
passado especifico. Pedro é apresentado como alguém que passou pela vida sem
deixar marcas e nem ser marcado por ela. Sem sobrenome, sem família, sua idade
também não é citada. Ele não tem ex-amores,
nem dissabores, ele se comove tanto com as mazelas humanas quanto com uma
lâmpada que em um minuto brilha suntuosa e no outro jaz queimada e apagada.
Pedro é a espinha dorsal
deste romance, ele divide seus dias cheios
de tédio onde trabalha
em uma casa de saúde com noites
de leitura onde se admira por nunca se
lembrar de já ter vivido qualquer coisa
pelo menos semelhante as histórias que lê
vão dos mais ordinários folhetins aos mais clássicos da literatura mundial e também a Barsa.
E é justamente por meio
destas leituras que Pedro conhece Jonas nas narrativas de um autor não
identificado, então temos ai três personagens entrelaçados por um calhamaço de
papeis manuscritos, Pedro, Jonas e o narrador da historia de Jonas que narra em
primeira pessoa à vida de Jonas e em vários pontos conta aventuras que viveu
junto a Jonas.
Conforme Pedro vai se
aprofundando na leitura vai ficando claro a ele, que o narrador tem muito mais
a ver consigo do que com Jonas, que também relata ter uma vida medíocre que é abrilhantada
por sua convivência com Jonas que por sua vez é bonito, alegre, sedutor e tem uma
forma muito leve e peculiar de viver a vida, sem apego, mas sem dramas. Já o
autor do conto demonstra ser o vampiro de Jonas e não apenas se alimenta da
energia dele, mas também o inveja e se recente dele.
Quando Pedro lê naquelas
paginas algo que a ele soou como uma sentença “Jonas vai morrer” ele percebe
que ali poderia tem algo mais que simples literatura e resolve investigar se
aquilo que ele lia era mera ficção ou parte de um relato de vida e mais vidas
vividas ali mesmo, bem próximo dele. A
esta altura já consegue até ver poesia no tecer de uma aranha e sua teia, ele já
não passa os dias vendo sem enxergar, ele se sente contagiado pelo relato daquele
manuscrito tão original.
“Duvide de tudo o que está escrito, juramentado, lavrado em notário. A verdade
não precisa de recibo. Já a mentira gosta de formulários e segundas vias, por isso
é sempre mais convincente. Documente a sua mentira em papel timbrado e eu serei
seu amigo devoto. Diga a sua verdade sem comprovantes, modelo 14, devidamente
carimbados e rubricados, e eu chamarei a policia”. Pag.63
O autor deste manuscrito
desafia a inteligência e a sanidade de Pedro que então decide investigar quem
seria Jonas pessoa real ou personagem pura e simplesmente? E se era pessoa ele
já teria morrido ou ainda estava sob ameaça? Porem neste trajeto muita coisa e surpresa acontece,
personagens que estão por ali meio que cobertos por uma cortina de fumaça ou
indiferença, dada à situação enquanto atores da casa de repouso onde Pedro
também vegetava, começam a sair das sombras e tomando vulto e importância na
trama cujo desfecho é denso e ao mesmo tempo fluido fazendo uma ligação com o
inicio da obra tornando-o mais do que esperado e até mesmo lógico sem perder o
encanto e a magia para nós leitores.
Não percebi nesta obra do autor Edson
Athayde a forte influencia do português de Portugal e somente depois da leitura
percebi que o autor é brasileiro naturalizado, talvez isso explique. Esta obra
é muito agradável de ler, pois ela apresenta uma estrutura diferenciada podemos
dizer que são dois universos paralelos e que em algum momento se fundem, é uma
novela dentro de um romance e seguindo este raciocínio em dado momento eu mesma
me fiz a seguinte pergunta; Poderia neste exato instante, em algum universo um leitor estará lendo a minha
história e eu ser um terceiro elemento desta trama? Alguém poderia estar lendo a história
de uma mulher(eu) que está lendo um romance e neste romance o personagem lê um
terceiro livro?
A única coisa que tenho
certeza neste momento é que nem tudo é o que parece ser, não mesmo! Loucura?
Sobre o Autor:
Edson Athayde é um
dos publicitários mais premiados da história de Portugal. Já ganhou centenas de
nomeações e prémios nos festivais mais importantes do planeta, como Cannes, New
York, Eurobest, Épica, Clio e muitos mais. Nascido no Brasil, Edson escolheu
Portugal como país, tendo se naturalizado em 2004. Além da publicidade,
desenvolve atividades como cronista, guionista para TV e cinema, autor de
teatro, produtor musical, profissional de marketing comercial e político,
apresentador de programas de televisão, professor, especialista em
storytelling, entre outras coisas. Em 2013 ganhou o concurso pra roteiristas de longa metragem
no Brasil, premio Agnaldo Silva. Têm dois romances publicados, o segundo escrito
no âmbito de uma residência literária em Guimarães 2012 Capital Europeia da
Cultura (“Jonas Vai Morrer”, publicado também pela Chiado Editora).
Abraços Poéticos,
ooiieeee...Nossa, que loucura mesmo hein.era uns dos livros que eu tinha curiosidade de ler, não imaginava que seria assim,gosto de livros com historias paralelas.espero poder conferir a obra.parabéns pela resenha mais uma vez com qualidade.
ResponderExcluirbeijos
http://sonhosdeleitor.blogspot.com.br/
Adorei a premissa do livro. Tudo que desafia o óbvio e questiona a sanidade e a realidade é interessante pra mim. Vou marcar no skoob quando estiver no pc. Acho que vou adorar este livro.
ResponderExcluirEsse título me lembrou um do Paulo Coelho, acho que é Verônica decide morrer, haha. Não lembro se a história se assemelha a essa, li há muito muito tempo. O livro parece meio doido, achei interessante. A capa do livro parece um cartaz de filme antigo em p&b, haha. Muito legal!
ResponderExcluirQue livro louco, adorei. Criativo, inteligente e não é clichê adolescente. que ler. A capa é muito bonita e gostei dessa construção dos personagens.
ResponderExcluirhttp://www.poesianaalma.com.br/
Oiee! Nunca fui muito fã de livros policias, acho que nunca li nenhum. As páginas pretas parecem um diferencial legal. Esse ano tô meio correndo atrás de terminar o desafio literário que entrei, mas quem sabe num outro momento pego pra ler meu primeiro livro do gênero.
ResponderExcluirBeijos
Uau!!!! Gamou... Gostei do estilo, particularmente gosto de leituras leves.
ResponderExcluirMas a temática é boa...Foge dos lengas, lengas de adolescente.
Gostei, muito legal!
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Olá Lunna! Achei o enredo do livro bem interessante, talvez eu peça ele no próximo mês para conhecer mais essa história. Beijos!
ResponderExcluirCompletamente diferente de tudo o que já vi! Gostei demais deste enredo e de como você Conduziu a resenha. me senti no livro. Fiquei com uma vontade sem medidas de lê-lo. Histórias desafiadoras despertam minha curiosidade! rsrs!
ResponderExcluirUm abraço!
www.pensamentosvalemouro.com.br
Oi.
ResponderExcluirEu gosto demais desses tipos de romances, leio bastante mesmo, já Li esse livro e te confesso é deslumbrante a narração, o conteúdo, te deixa encantada mesmo. Que bom que você gostou do livro.
Parabéns pela resenha, esta bem legal.
garotinhaadolescentea.blogspot.com.br/
Oi, Lunna!
ResponderExcluirQue livro interessante, hein?
Diferente, em muitos pontos de vista.
Adorei esse lance de realidades paralelas, ainda mais em se tratando de um livro que traz no seu enredo um outro livro.
E me deixou pensando...
Beijos e boa semana!
http://fabi-expressoes.blogspot.com.br/